Por George Reisman
A bandeira é diferente, a letra é diferente, mas
a melodia é a mesma.
A bandeira agora é verde, em vez de vermelha.
A letra da música também é outra. Mas a melodia continua exatamente
a mesma.
Quando os vermelhos cantavam, a letra dizia que o
indivíduo não podia ter liberdade porque o resultado seria
"exploração", "monopólio" e depressões. Agora, quando
são os verdes cantando, a letra diz que o indivíduo não pode ter liberdade
porque o resultado será a destruição da camada de ozônio, chuva ácida,
aquecimento global e, finalmente, para não dar margem para erros, mudanças
climáticas. (Acrescente um coro extra para 'mudanças climáticas').
A melodia continua dizendo que o indivíduo não
pode ser deixado livre, e complementa dizendo que ele não pode ser deixado
livre porque sua busca pacífica pelo interesse próprio e por prosperidade irá,
de alguma maneira, infligir danos a terceiros, e que apenas o governo,
apontando armas para a cabeça destes ganaciosos, irá salvar o resto da
humanidade de alguma apavorante calamidade.
Os criminosos vermelhos queriam controlar o
sistema econômico para refrear os ímpetos individuais e, com isso, deixar as
coisas da maneira que eles consideravam corretas. Os criminosos verdes
querem controlar o ambiente, especialmente o clima, para refrear os ímpetos
individuais e, com isso, deixar as coisas da maneira que eles consideram
corretas.
Seguindo uma prática semelhante à dos feiticeiros
que exortavam povos primitivos a sacrificar suas ovelhas e bodes com o intuito
de aplacar a ira dos deuses, os ambientalistas de hoje e seus protetores na
mídia e no meio acadêmico exortam os povos do mundo a sacrificar seu uso de
energia e seu padrão de vida com o intuito de evitar a ira da deusa Terra e sua
atmosfera. Esta ira supostamente virá em uma destas duas formas: uma nova
era glacial (quem viveu a década de 1970 sabe o quão original é esta previsão)
ou, caso esta não se concretize, um aquecimento global e um subsequente aumento
no nível dos oceanos. E se aquecimento global e uma elevação de no nível
dos oceanos durante os próximos 100 ou 150 anos não se mostrar uma previsão
suficientemente aterradora, então uma elevação de 4
a 6
metros no nível dos oceanos durante os vários séculos
vindouros se torna a nova projeção, a qual, espera-se, irá finalmente apavorar
os mais céticos. Ambas estas elevações nos níveis dos oceanos
supostamente advirão de um aumento estimado de 4 graus na temperatura média
global, e especificamente de 5
a 8 graus na temperatura média no Ártico.
Assim como os criminosos vermelhos não tinham a
mínima ideia do que estavam fazendo, o mesmo se aplica aos criminosos
verdes. Veja uma mensagem que recebi de um cavalheiro que defende a total
proibição da emissão de dióxido de carbono com o objetivo de evitar o
aquecimento global:
Uma das ironias do derretimento do Ártico é que
tal fenômeno pode inverter a circulação
termoalina oceânica e, com isso,interromper a corrente do Atlântico — o que
pode levar a um acentuado resfriamento na Europa (que está mais ao norte do que
os EUA), algo que parece já ter ocorrido no passado.
Eis aí um sujeito que nem sequer sabe se o
aquecimento global que ele quer evitar a todo custo irá na realidade se revelar
um resfriamento continental. Mas tal contradição, pelo visto, não faz com
que ele tenha nenhuma dúvida em sua crença. Ele ainda jura saber o
suficiente para mandar a polícia impedir as pessoas de agirem de acordo com o
conhecimento que elas possuem acerca das melhorias que podem obter para si
próprias ao produzirem e comprarem bens que por acaso emitam algum dióxido de
carbono no ar. O conhecimento destas pessoas não vale de absolutamente
nada. O supostamente superior conhecimento dos "cientistas"
deve prevalecer — sempre apontando uma arma para os dissidentes.
Nenhuma das previsões dos ambientalistas se
baseia em qualquer tipo de experimento científico. E nem poderia.
Um experimento científico iria requerer um laboratório contendo dois planetas
idênticos, Terra 1 e Terra 2. Haveria apenas uma diferença entre eles: a
população humana da Terra 1 efetua uma Revolução Industrial e ascende para o
nível de padrão de vida e uso de energia do nosso mundo atual e seu provável
nível de uso de energia para o próximo século. Em contraste, a população
humana da Terra 2 não consegue avançar para além do uso de energia da Idade
Média ou da era pré-industrial. Após serem criadas estas duas condições,
os cientistas no laboratório observam que a temperatura média da Terra 1 excede
a temperatura média da Terra 2 em 4 graus, e sua região Ártica, em 5
a 8 graus; e que o nível de seus oceanos sobe o número de
metros acima especificado, ao passo que o nível dos oceanos na Terra 2
permanece inalterado.
Obviamente, não é assim que as projeções para a
temperatura global e para o futuro nível dos oceanos são feitas hoje. As
projeções atuais são obtidas combinando-se vários fragmentos de conhecimento
científico com várias suposições arbitrárias, de modo que estas combinações são
então jogadas em computadores que irão gerar resultados que nada mais são do
que "modelagens computacionais". Suposições diferentes produzem
resultados diferentes. A escolha de quais fragmentos de conhecimento
científico serão incluídos nos modelos gera resultados diferentes. [Lembra-se
do climatologista britânico Phil Jones admitindo fazer
"truques" para obter os resultados desejados?] O processo é
muito similar ao de um indivíduo com uma planilha eletrônica combinando várias
fórmulas financeiras com várias suposições sobre taxas de lucro, períodos de
tempo, alíquotas de impostos etc., e então gerando várias e diferentes
projeções a sua renda quando estiver aposentado.
Imagine você sendo membro de um júri, com a
responsabilidade de decidir a culpa ou a inocência de um réu, e recorrendo a
modelos computacionais para chegar a um veredito. Você realmente crê que
seria minimamente possível apresentar um veredito que cumpra o critério de
"culpado sem qualquer sombra de dúvida"?
No entanto, este é justamente o calibre das
evidências utilizadas pelos promotores ambientalistas para julgar a Civilização
Industrial, declará-la culpada e condená-la à morte. Sim, a morte da
Revolução Industrial e da Civilização Industrial. É exatamente esta a
intenção de pessoas que dizem coisas como "temos de nos comprometer a um
grande esforço para interromper boa parte das emissões de carbono para a
atmosfera" — isto é, interromper o consumo de boa parte do, ou de todo o,
petróleo, carvão e gás natural, desta forma jogando o mundo de volta à era
pré-industrial.
'Civilização Industrial' não é um conceito solto
e desincorporado. Trata-se do alicerce não apenas do bem-estar material,
como também da própria vida da grande maioria das mais de 6 bilhões de pessoas
que vive hoje no planeta. Sua destruição significaria o colapso da
produção de alimentos e de remédios, e resultaria em fome e epidemias em escala
literalmente global. Tal resultado geraria grande satisfação para aqueles
ambientalistas que acreditam que reduzir a população atual para o mesmo número
de indivíduos que viviam no mundo pré-industrial seria um arranjo mais
desejável do que tolerar o atual número de habitantes do planeta. Mas
isso não traria nenhum conforto ou alegria para todos aqueles que terão de
sofrer e morrer durante este processo, e que também terão de ver seus entes
queridos igualmente sofrendo e morrendo. Tampouco traria conforto e
alegria para os sobreviventes, que terão de viver suas vidas na mais abjeta
pobreza e miséria.
Há júris que chegam a vereditos que desafiam toda
e qualquer razão. A questão é: seria o júri formado pela opinião pública
contemporânea mundial tão ignorante, tacanho e irracional a ponto de pedir uma
totalmente injustificável pena de morte não apenas para a moderna Civilização
Industrial, mas também, e inevitavelmente, para a esmagadora fatia da raça
humana?
Esta é, afinal, a maneira como esta gente e seus
defensores operam: apontando armas para pessoas em nome de algum bem coletivo
mais elevado, proibindo o resto da humanidade de alcançar seus próprios desejos
e aprimorar seu padrão de vida. Os rebeldes não poderão passar.
Isto é socialismo. Isto é ambientalismo.
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