Por Marcio
Estanqueiro
Estamos
vivendo uma “explosão de democracia”, é o que dizem aqueles que tentam definir
a onda de protestos e manifestações que vemos nas ruas de quase todos os
estados brasileiros. Outros, dizem que o Brasil está vivendo a “primavera
brasileira”, afirmam que dessa vez o “gigante acordou” e, como num “passe de
mágica”, tudo que era impossível por qualquer atitude deixada para trás, dessa
vez será diferente, simplesmente porque resolvemos que ninguém mais é capaz de
nos representar, nenhum político, ou qualquer instituição pública ou privada, e até mesmo o
presidente da república, pode avaliar o que é melhor para a sociedade
brasileira, baseado no direito democrático em que todos nós, como cidadãos
pagadores de impostos, temos como certo. Será?
O Brasil
vive uma “revolução ao contrário”, pois achamos que por omissão das autoridades podemos fazer aquilo que deveria ser
feito por elas. Quando digo que ninguém me representa, e acho o direito de
fazer o que quero, que justiça poderemos encontrar numa sociedade onde todos
agem dessa forma? Será que seríamos únanimes em tudo? Acho impossível. Que
direito tenho de tirar o mesmo direito de “ir e vir” das pessoas?
Assim que, se
achamos um erro a imposição de um ditador, da mesma forma devemos encontrar
meios representativos para vivermos de forma digna, e não cairmos na mesma
postura do mesmo.Por favor, também acho
que devemos fazer alguma coisa, já passou da hora, mas é preciso muito cuidado,
pois quando não sabemos exatamente inverter a política a nosso favor, podemos
ser engolidos por ela.
O movimento
político nacional durante os últimos oito anos, foi carregado de emoção, muitas
promessas e poucas realizações. As esperanças depositadas no PT minguaram-se a
cada ano até o escândalo do mensalão, um dos maiores da era petista. Muitos
achavam que tudo seria diferente, até a decepção chegar aonde chegou nos
últimos dias. Porém, o que é mais preocupante é que as pessoas estão dizendo,
“não queremos mais saber de políticos”, como se o petismo fosse a fronteira
possível da política. Como assim? Quem não quer saber de políticos quer, então,
saber de quem ou do quê?
Precisamos
de representatividade, de proximidade com os futuros representantes, para
submetermos nossos anseios e aquilo que achamos justo pela nossa contribuição,
que não é pouca, e, nesse caso a federalização dos estados brasileiros, e
também o voto distrital, seria, a meu ver, a melhor forma de uma democracia
mais representativa e organizada, já que nosso país tem características de um
país continental.Dessa forma, a administração encontraria o melhor caminho possível
para contribuir com as diversas demandas da sociedade, quer na área da saúde,
educação e segurança.
O que não
devemos é, por força das manifestações terem chegado ao nível que chegou,
acharmos que é fácil resolver os problemas que enfrentamos e, como num sonho,
achar que outro mundo é possível baseado simplesmente em nossas verdades, onde
a utopia é representada pela nossa emoção juvenil, “faça amor, não faça a
guerra”.
Dizer que
democracia, sem hierarquia de valores, sem eixo e sem centro, não leva a lugar
nenhum simplesmente não funciona, está completamente errado. É necessário que
as regras sejam claras e que democraticamente estejam instituídas e que
funcionem e permitam que cada um dos seus cidadãos possam planejar o seu
futuro. Se não conseguirmos ir ao trabalho, ou a um restaurante porque as vias
estão obstruídas, alguma forma de ditadura está em curso.
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