segunda-feira, 15 de julho de 2013

Protestos e Manifestações



Por Marcio Estanqueiro



Estamos vivendo uma “explosão de democracia”, é o que dizem aqueles que tentam definir a onda de protestos e manifestações que vemos nas ruas de quase todos os estados brasileiros. Outros, dizem que o Brasil está vivendo a “primavera brasileira”, afirmam que dessa vez o “gigante acordou” e, como num “passe de mágica”, tudo que era impossível por qualquer atitude deixada para trás, dessa vez será diferente, simplesmente porque resolvemos que ninguém mais é capaz de nos representar, nenhum político, ou qualquer  instituição pública ou privada, e até mesmo o presidente da república, pode avaliar o que é melhor para a sociedade brasileira, baseado no direito democrático em que todos nós, como cidadãos pagadores de impostos, temos como certo. Será?

O Brasil vive uma “revolução ao contrário”, pois achamos que por omissão das autoridades podemos fazer aquilo que deveria ser feito por elas. Quando digo que ninguém me representa, e acho o direito de fazer o que quero, que justiça poderemos encontrar numa sociedade onde todos agem dessa forma? Será que seríamos únanimes em tudo? Acho impossível. Que direito tenho de tirar o mesmo direito de “ir e vir” das pessoas? 

Assim que, se achamos um erro a imposição de um ditador, da mesma forma devemos encontrar meios representativos para vivermos de forma digna, e não cairmos na mesma postura do mesmo.Por favor, também acho que devemos fazer alguma coisa, já passou da hora, mas é preciso muito cuidado, pois quando não sabemos exatamente inverter a política a nosso favor, podemos ser engolidos por ela.

O movimento político nacional durante os últimos oito anos, foi carregado de emoção, muitas promessas e poucas realizações. As esperanças depositadas no PT minguaram-se a cada ano até o escândalo do mensalão, um dos maiores da era petista. Muitos achavam que tudo seria diferente, até a decepção chegar aonde chegou nos últimos dias. Porém, o que é mais preocupante é que as pessoas estão dizendo, “não queremos mais saber de políticos”, como se o petismo fosse a fronteira possível da política. Como assim? Quem não quer saber de políticos quer, então, saber de quem ou do quê?

Precisamos de representatividade, de proximidade com os futuros representantes, para submetermos nossos anseios e aquilo que achamos justo pela nossa contribuição, que não é pouca, e, nesse caso a federalização dos estados brasileiros, e também o voto distrital, seria, a meu ver, a melhor forma de uma democracia mais representativa e organizada, já que nosso país tem características de um país continental.Dessa forma, a administração encontraria o melhor caminho possível para contribuir com as diversas demandas da sociedade, quer na área da saúde, educação e segurança.

O que não devemos é, por força das manifestações terem chegado ao nível que chegou, acharmos que é fácil resolver os problemas que enfrentamos e, como num sonho, achar que outro mundo é possível baseado simplesmente em nossas verdades, onde a utopia é representada pela nossa emoção juvenil, “faça amor, não faça a guerra”.

Dizer que democracia, sem hierarquia de valores, sem eixo e sem centro, não leva a lugar nenhum simplesmente não funciona, está completamente errado. É necessário que as regras sejam claras e que democraticamente estejam instituídas e que funcionem e permitam que cada um dos seus cidadãos possam planejar o seu futuro. Se não conseguirmos ir ao trabalho, ou a um restaurante porque as vias estão obstruídas, alguma forma de ditadura está em curso. 


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