sexta-feira, 5 de julho de 2013

Inflação, nosso hóspede indesejado.

Por Marcio Estanqueiro



Existe um grande equívoco entre grande parte dos economistas atuais como também da mídia, sobre o conceito de inflação. Na verdade não é bem sobre a definição da palavra, e sim sobre os seus efeitos. Para definirmos melhor o que significa esse conceito, poderíamos dizer que é um crescimento da moeda e do crédito sem lastro em aumentos correspondentes na produção, na produtividade e na população. Essa seria, a meu ver, a melhor e mais completa significação do termo que corresponde exatamente com a definição da Escola Austríaca de Economia.

Na verdade, a inflação deve ser definida mais propriamente como essa ampliação na oferta de moeda e crédito e não da forma que se tornou usual, como um aumento contínuo e generalizado de preços. A utilização da palavra inflação quando utilizada de forma incorreta, tem gerado muitas interpretações incorretas gerando diagnósticos equivocados e terapias desastrosas.  Quando se fala em inflação, significa dizer que “inflamos” a moeda e o crédito, simples assim.

Veja por exemplo: a batata é mais barata do que a lagosta porque sua oferta é muito mais abundante. Num processo inflacionário, a moeda e o crédito desempenham o mesmo papel da batata e os demais bens e serviços, o da lagosta. Assim na economia, se há mais reais circulando, nada mais natural do que o valor do real diminuir em relação aos demais bens.

Uma das falácias mais repetidas pelos economistas, é a de que a causa da inflação é a “escassez” de produtos. Por exemplo, num curto período podemos ter um certo aumento do trigo em decorrência da safra, porém não existe registros na história de que um problema sazonal possa acarretar em inflação.

Na Alemanha do pós-guerra em 1923, os preços subiam astronomicamente, clamava-se contra a escassez generalizada, mas uma quantidade sem fim de estrangeiros entravam no país para comprar produtos alemães, porque muitos preços eram menores na Alemanha do que em seus países.

A mágica do Banco Central

Não existe inflação de alimentos, nem de gasolina. Quando o preço do tomate, do pãozinho, ou da gasolina aumenta, o próprio mercado incentiva sua oferta a crescer, o que freará seus preços no futuro. Só teremos inflação acima da meta se  o Banco Central agir de forma incorreta e desonesta, onerando toda a economia e aumentando os gastos do Governo.

Funciona assim: Toda vez que o Governo precisa de mais dinheiro para fazer suas políticas públicas, ele recorre ao Banco Central. Antigamente era só imprimir moedas e entregar diretamente ao Governo, porém com a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000 o mecanismo na prática ficou dessa forma. O Banco Central compra títulos públicos (Uma das formas utilizadas para a captação de recursos para financiar atividades do governo federal, tais como educação, saúde e infra-estrutura) que estão em posse dos bancos. Falando claramente, o Banco Central “cria dinheiro” para comprar esses títulos que estão em posso do sistema bancário. Como ele faz isso? Simples, ele aperta um botão no computador e acrescenta alguns dígitos na conta, as reservas compulsórias (Formas de atuação do Banco Central para garantir o poder de compra da moeda, e em menor escala, para exercer a política monetária. É feito por determinação legal obrigando os bancos comerciais e instituições financeiras a depositarem junto ao Banco Central parte de suas captações de depósitos a vista e outros títulos contábeis) do banco que está vendendo os títulos possui junto ao Banco Central. 

De onde veio esse dinheiro?

De lugar nenhum, simplesmente o Banco Central o criou do nada, não houve contra partida, a base monetária expandiu-se magicamente, e as reservas desse banco aumentaram.

Imagine que você é um banqueiro! Por causa dessas reservas fracionárias que você mantém no Banco Central, você recebe dinheiro do nada para utilizar em algum investimento. Não é preciso ser nenhum gênio de finanças para entender que o investimento mais óbvio e seguro para você é justamente comprar títulos públicos que o Tesouro põe a venda. Em outras palavras, você alegremente financia o déficit do governo, que aumenta a cada dia e ainda assim tem um lucro astronômico.

O que é isso? Voltando ao ponto inicial, nada mais é do que crescimento da moeda, sem lastro e sem produtividade, ou seja inflação.  


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