Por Marcio Estanqueiro
Semana passada, as instituições de ensino de nosso país voltaram a funcionar. As ruas,
o trânsito, o comércio de livros, ônibus escolares, e tudo mais que envolve a
atividade educacional do país deram início a um novo ciclo rotineiro, tendo
como objetivo básico a retomada do conhecimento.
É muito
importante que tenhamos consciência que um país desenvolvido requer uma
educação excelente, e que valores como: moral, ética, consciência cívica e responsabilidade,
são pilares básicos para uma sociedade alcançar o progresso e conseguir uma
ótima colocação aos seus cidadãos, gerando profissionais capacitados e
impulsionando a nação cada vez mais.
A
Educação brasileira, assim como a de qualquer outro país, tem suas características.
Na Europa por exemplo existe o que eles chamam de “Cidadania Responsável”, que
significa dizer, assumir responsabilidades em relação à comunidade, incentivar
programas destinados à defesa do meio ambiente e do património histórico-cultural,
aprofundar o relacionamento com Instituições de Ensino e outras, promovendo o
intercâmbio Sociedade/Empresa, e também recusar a discriminação em função do
sexo, raça, cor, religião ou convicções políticas. Na Alemanha, Países Baixos e
Reino Unido o significado dessa mesma cidadania é chamado de “direitos e
deveres cívicos”. A preocupação do Estado com o papel desempenhado pela
Educação na formação da sociedade na Europa, é de fundamental importância.
A
Educação no Brasil vai mal
Em nosso
país a Educação está sofrendo um declínio em termos de qualidade. Segundo dados
do INEP (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e do Ministério da Educação e
Cultura o diagnóstico sobre o desempenho escolar do ensino fundamental, assim
como do ensino superior respectivamente apontam dados alarmantes. O ranking das
piores faculdades brasileiras é um sintoma claro que as coisas não vão bem. A
maioria das faculdades não conseguiram sequer obter nota 3 em sua avaliação. Observamos
que em outros países, existe um esforço consciente de que é preciso fazer
alguma coisa, para que os alunos alcancem uma formação competitiva , e um
desempenho cada vez melhor.
No estado
da Carolina do Norte (EUA) professores do Cochrane Collegiate, implementaram um
método para ajudarem os alunos com baixo desenvolvimento a superarem suas
deficiências. O método chamado como as “10 Dicas para envolver alunos com baixo
desempenho” mostra a preocupação que deve existir pelo Estado, para que
estudantes universitários possam adquirir a competência necessária no papel de
suas funções futuramente. Uma nova fórmula pedagógica para incentivar atitudes
críticas dos alunos e forçar um aprendizado melhor.
Dizer que
nós brasileiros não temos consciência desse fato é mentira, porém o resultado
que damos para essa análise é simplesmente pior do que a contestação da mesma.
A atitude que tomamos ao implantar o Sistema de Cotas nas Universidades
Públicas e escolas técnicas, onde 50% é reservado para negros, pardos e
indígenas ao invés de ser um avanço, discrimina e nivela os mesmos a uma
formação de baixo nível. Outra atitude que enxergamos como deficiente na
análise de nossa educação, é culparmos o sistema econômico como sendo o vilão
na história. Por que achamos que a culpa é sempre do Capitalismo?
Atribuir
o desempenho da educação brasileira pela venda do conhecimento através de
instituições privadas, culpando os empreendedores do ensino, e o lucro advindo
de suas atividades, é no mínimo uma visão totalmente distorcida da realidade. Podemos
ter ótimas faculdades particulares que forneçam o preparo excelente para seus alunos
que estão ali estritamente para aprender. A falácia do “pagou passou” é
desenvolvida com único objetivo de desvalorizar o corpo docente dessas
instituições e com isso generalizar aquelas que ainda querem fazer do
conhecimento uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento intelectual do
cidadão.
O ensino
familiar
Não é de
se estranhar que muitos pais, famílias, estão cada vez mais aderindo a idéia de
ensinarem seus filhos em casa, embora essa idéia seja uma “aberração” para o
Estado, pois prefere que ele seja o próprio gestor na educação familiar, com
seus projetos anti-éticos, imorais, como kit-gay, anti-família e anti-vida, rompendo
todos costumes tradicionais de nossa cultura cristã, apesar de uma parcela da
sociedade achar ainda que o melhor é não se responsabilizar pela educação de
seus filhos, pois preferem que os professores, as instituições de ensino, garantam
a formação dos mesmos.
A exigência
da sociedade dos tempos modernos, é que precisamos acompanhar o ritmo alucinado
das grandes conquistas em termos comerciais, como o lançamento cada vez mais
veloz dos Notebooks, Ipads, Iphones, etc. porém o debate crítico que deveria
ser o foco na formação profissional, esvazia-se na figura patética que o
professor exerce em sala de aula. Por um lado cobrado pela instituição que seu
“cliente = aluno” seja paparicado, e por outro que obtenha um resultado
restrito, capaz apenas de atender a demanda a qual ele se propôs em aprender, o
professor tornou-se uma figura descartável. A visão crítica de sua profissão e
de como a exercerá, passa longe de sua expectativa. Dessa forma o professor
desestimulado não pode responder mais pelo desempenho de seu aluno no mercado
de trabalho. Estamos educando mal!
Se
analisarmos as instituições públicas que necessariamente deveriam ter um ensino
melhor, pois não existe a máxima do “pagou passou”, seus professores cumprem
uma agenda totalmente anti-ética e inconstitucional. A queda no ensino ainda
tem outros agravantes além desses que nos referimos. Havendo espaço, o Estado
traz o “políticamente correto” para dentro das salas de aula, desprezando o que está no texto Constitucional
em seu art.206 onde diz que a liberdade de ensinar está a liberdade de aprender.
Assim
temos escrito nesse mesmo artigo, o seguinte:
1.
O professor não abusará da inexperiência, da falta de
conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para
esta ou aquela corrente político-partidária, nem adotará livros didáticos que
tenham esse objetivo.
2.
O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em
razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta
delas.
3.
O professor não fará propaganda político-partidária em sala
de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e
passeatas.
4.
Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e
econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma
justa – isto é, com a
mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias,
opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.
5. O professor não criará
em sala de aula uma atmosfera de intimidação, ostensiva ou sutil, capaz de
desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá
que tal atmosfera seja criada pela ação de alunos sectários ou de outros
professores.
Seria a
educação brasileira uma utopia?
O
reducionismo pedagógico foi o grande legado que Paulo Freire, patrono da Educação
Nacional deixou para a nação. Juntando-se a ele temos o “construtivismo
pós-piagetiano”, que inspirou o “preconceito linguístico”, que vilipendia a
norma culta do idioma; a “geografia crítica”, que mistura bairrismo com
economia marxista; a história em ação, que eterniza o presente; a matemática
étnica, que cria analfabetos em tabuada. Paulo Freire
relativizou o conhecimento, anulou a autoridade do professor e, sobretudo,
assassinou o mérito – inviabilizando a possibilidade de educação. Em outras
palavras a contribuição que o patrono de nossa Educação deixou, na verdade
trouxe resultados aquém do que esperávamos como nação, os quais eram de
fundamental importância para sairmos do atraso educacional em que vivíamos e
que ainda hoje permanece.
Qual o
caminho da Educação Brasileira?
Existem
alguns “mantras” do “politicamente correto” que infelizmente são disseminados
pela mídia e aceitos pelos analfabetos funcionais que por formação filtram
pouco do que é realidade, e do que é verdade. Esse fato vem contribuir pelo
pouco discernimento de como as coisas acontecem no pais. Esse seria o discurso do
lucro fácil, sendo a causa de todos os dissabores da economia, assim como da
educação. Como diz Carlos Alvarez Teijeiro, doutor em Comunicação Pública
pela Universidade de Navarra, o lucro obtido pelas grandes empresas
jornalísticas, e que deveria ser aceito pela sociedade, seria o lucro saudável,
pois essa seria a forma das empresas promoverem uma vida cidadã como parte da
responsabilidade social de uma empresa que ocupa um lugar privilegiado no espaço
público, como devem ser os meios de comunicação.
O “Civic
Journalism” – Jornalismo Cívico, é polêmico até entre os próprios jornalistas.
Segundo Teijeiro a grande encruzilhada é tirar do caminho a má notícia e o
denuncismo para abrir a passagem para textos mais críticos, onde possa ser
difundido o pluralismo de idéias e o interesse democrático. "O Jornalismo
Público não pretende fazer com que os cidadãos tomem partido, mas que a vida
democrática interesse aos cidadãos. Uma democracia em que os cidadãos participem
ativamente é uma democracia com mais qualidade do que aquela em que os cidadãos
se limitam a votar a cada quatro anos".
Que rumo
queremos para nossos jovens, e para sua formação?
Em
primeiro lugar é necessário dizer que, a visão crítica que deve ser feita sobre
o lucro dos empreendedores em instituições particulares de ensino faz parte
natural da Economia de Mercado, porém o que deve ser exigido, é que a exigência
dos estudantes seja compatível com um mercado de profissionais cada vez mais qualificado.
Essa deve ser a exigência. Dessa forma o professor se sentirá seguro para
ensinar e não somente formar alguém que tenha interesse apenas no diploma. O
raciocínio está trocado, o mercado não pode exigir apenas profissionais que
tenha um “canudo”, eles devem ser exigentes com a formação profissional do
aluno, estimulando assim uma concorrência cada vez maior e exigindo um esforço
proporcional do aluno ao aprendizado.
Em
segundo lugar o Estado deveria fomentar o debate construtivo de idéias, o debate
democrático, onde os alunos como cidadãos críticos pudessem obter informações
de um Jornalismo saudável sem interesses políticos. O Jornalismo Público
preencheria essa demanda e traria à mídia um compromisso maior com as causas
públicas. A falta dessas, é uma das explicações pelas quais os jornais estão em
crise no mundo, por conta de um distanciamento do interesse das comunidades.
Em terceiro lugar, talvez o mais difícil, seria
a volta do que poderíamos chamar do tradicionalismo familiar na educação, onde
a família seria a peça fundamental no aprendizado do aluno-cidadão, onde o
mesmo, educado por uma família saudável, teria respaldo dentro da sala de aula,
onde sua visão diferenciada, e
comportamento respeitoso, ajudasse o professor em seu ofício de transmissor
de conhecimentos. No mundo em que estamos vivendo atualmente, isso é quase
impossível. O tradicional, o conservador, é considerado ultrapassado, e o mundo
caminha para uma situação totalmente desastrosa, tendo como parâmetros a
ausência de fatores básicos. Sua economia, política, família, tem fundamentos
podres, ultrapassados, levando não só seus cidadãos, estudantes e toda a
sociedade a um futuro sombrio. A nós que ainda nos resta uma visão contrária, possamos
influenciar o sistema como forma de agir, de pensar, de expressar e de falar
nossas idéias.